Flávio Falcone

Flávio Falcone é médico formado pela Universidade de São Paulo e também artista. Atua como psiquiatra e palhaço, combinando essas duas identidades em seu trabalho com saúde mental, especialmente com pessoas em situação de rua, usuários de drogas e outros grupos socialmente invisibilizados.

Desde a faculdade, Flávio se propôs a trabalhar com os “desvalidos”. Descobriu no figurino de palhaço uma forma de estabelecer vínculos mais humanos com essa população. Ele acredita que o palhaço permite que as pessoas se conectem com os próprios erros e fragilidades, criando empatia. Para ele, o palhaço representa a “fragilidade compartilhada”, conceito que aprendeu com a artista Cristiane Paoli Quito.

Falcone teve experiências marcantes em seu curso de palhaço, onde observou que muitos alunos tinham dificuldade em lidar com a própria vulnerabilidade. Ele também atuou no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em São Bernardo do Campo, e foi convidado a integrar o programa De Braços Abertos, da prefeitura de São Paulo, que aplicava políticas de redução de danos na região da Luz. Embora tenha críticas à sua execução, considera o programa uma das melhores iniciativas já realizadas no território.

Posteriormente, foi contratado pelo programa estadual Recomeço, onde realizava abordagens de rua com usuários de drogas até ser dispensado em fevereiro de 2019. A justificativa oficial foi o corte de custos, com a alegação de que “qualquer pessoa poderia fazer o que ele fazia”.

Com o tempo, percebeu que sua figura de palhaço já não bastava para dialogar com o público do fluxo, que se identificava mais com o rap. Passou então a se aproximar desse universo cultural.

Crítico da internação forçada e da abordagem centrada exclusivamente na abstinência, Flávio defende que o tratamento só é efetivo quando há vontade da própria pessoa. Ele relata que, na sua vivência, apenas uma minoria consegue a abstinência total após múltiplas internações.

“A CRACÔLANDIA É FILHA DO NEO-LIBERALISMO”