Território em disputa
Imprensa
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Visita
Entre os dias 12 e 15 de maio, estivemos na Favela do Moinho. Lá, testemunhamos de forma clara a discrepância entre o que a mídia divulgava e a realidade vivida pelos moradores — uma disputa de narrativas que se materializava no espaço. Enquanto os noticiários apresentavam a situação como uma operação policial contra o tráfico, o que vimos foi uma ação brutal e desproporcional contra famílias e sua legítima resistência. Ao chegarmos na segunda-feira, dia 12/05, às 14h, vimos moradores se manifestando em defesa de suas próprias casas, enquanto a polícia militar, tropa de choque e polícia civil se reuniam na única entrada da favela, já que esses já haviam murado e cercado outros acessos ao território. Os moradores estavam ilhados.
Durante esses dias, estivemos ao lado dos moradores na maior parte do tempo e pudemos presenciar o terror instaurado. Havia momentos de aparente calmaria, como em uma cidade do interior: as pessoas se cumprimentavam, conversavam, tentavam manter alguma normalidade. Mas, de repente, tudo começava novamente. A polícia invadia a comunidade, e corríamos junto aos moradores por entre os estreitos caminhos, guiados por quem os conhecia.
Presenciamos a assustadora força militar do Estado.
Trabalhadores eram presos, deputadas e advogadas eram coagidas — tudo isso como resposta a uma manifestação por um direito básico: o de morar. Famílias que viviam ali há mais de 30 anos, muitas das quais investiram mais de cem mil reais em suas casas, lutavam por dignidade. A resposta do Estado era uma tropa de choque que mais parecia saída de um filme: brutamontes vestidos com armaduras, rostos cobertos por balaclavas e escopetas em punho. Chegavam em caminhões blindados de até quatro metros de altura, como se estivessem indo para uma guerra — contra cidadãos.
Veja as fotografias tiradas por Laila Klajmic durante a visita abaixo: